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EM “DÍVIDA DE HONRA”, UMA BELEZA BRUTAL

Em atuações excepcionais, Hilary Swank e Tommy Lee Jones – ele também diretor e roteirista – invertem os sinais do Velho Oeste

Em seu canto de Nebraska, em 1854, a fazendeira Mary Bee (Hilary Swank, excelente) é um modelo de autossuficiência, diligência, moral e higiene. Findo o trabalho duro na terra, todos os dias, ela toca notas que só pode ouvir em sua cabeça, usando uma tapeçaria bordada como um piano: Mary Bee vive propondo casamento aos homens das redondezas, mas ninguém quer se casar com uma mulher tão assustadoramente capaz. Tanto, na verdade, que é a única que se dispõe a fazer um dificílimo trajeto de semanas para reconduzir à civilização três mulheres que enlouqueceram com a pobreza, o isolamento e o inverno de Nebraska.

Mary Bee alista como seu ajudante o vagabundo George Briggs (Tommy Lee Jones, também diretor e roteirista, e ator como sempre excepcional), que ela salvou da forca mas que não lhe retribui com gratidão: George é, como todos ali, vítima de uma vida tão brutal que se divorciou de seus sentimentos. Ou quase; no percurso, ele e Mary Bee formarão uma conexão tênue e de desfecho terrível. Como em outro magistral trabalho seu na direção, Três Enterros (2005), Tommy Lee Jones inverte os pontos de vista clássicos do western para desconstruir e rearranjar seus significados. O resultado é de uma beleza devastadora.

(The Homesman, Estados Unidos/França, 2014)

Publicado originalmente na revista Veja em 25/03/2015

“O SACRIFÍCIO”: UMA CULPA SEM FIM

Aos 14 anos, durante a Revolução Cultural, o cineasta Chen Kaige denunciou o pai como “inimigo do povo”. Nunca parou de se arrepender, nem de se expiar em belos filmes

Muitas vezes, os épicos históricos chineses não têm nenhum propósito oculto, só o objetivo evidente de seduzir sua plateia com cenários suntuosos, figurinos intrincados e muitas cenas de artes marciais. Outras tantas vezes, porém, a ambientação no passado cumpre um intuito: o de dizer, de forma cifrada, as coisas de que ainda não se pode falar abertamente na China. É a essa categoria que pertence O Sacrifício (Zhao Shi Gu Er, China, 2010), de Chen Kaige, que estreia nesta sexta-feira no país – e que, aliás, só na sua primeira meia hora se faz passar por épico; assim que o ponto de partida do enredo está estabelecido, Kaige o transforma num drama íntimo, e doloroso, sobre a disputa desigual de dois homens pelo destino, e pela própria alma, de um menino.

O dado mais saliente da biografia de Chen Kaige, o diretor que inaugurou a chamada Quinta Geração do cinema chinês (à qual pertence também Zhang Yimou), é amplamente conhecido e já foi muito analisado: em 1966, quando ele tinha 14 anos e a ortodoxia maoista pregada pela Revolução Cultural começava a varrer o país, ele denunciou o próprio pai às autoridades como “inimigo do povo”. Fora encorajado, mas não obrigado, a fazê-lo pelos professores da escola. O pai, Chen Huaikai, um autor de filmes baseados nas tramas da Ópera de Pequim, foi condenado a trabalhos forçados (ou seja, foi enviado a um dos tenebrosos gulags chineses). O filho foi mandado para uma “reeducação revolucionária” na zona rural. Antes mesmo de se separarem, o menino já se arrependera e pedira perdão ao pai. E, embora este tenha sido concedido sem reservas desde o primeiro momento, Kaige nunca parou de se arrepender, e de não perdoar a si próprio. Um dia, disse Kaige, ele ainda recriará esse episódio definidor de sua vida em um filme. Mas a Revolução Cultural está ainda elencada entre a infinidade de assuntos “sensíveis” para o país. Enquanto não deixa de sê-lo, é assim que Kaige o trabalha e retrabalha em filmes como Adeus Minha Concubina, O Imperador e o Assassino, Together e este O Sacrifício: de forma alusiva, mas nem por isso menos franca ou sentida.

O Sacrifício, para todos os efeitos, é uma adaptação de uma peça do século XIII, que por sua vez se passa no século VI a.C.: um general, Tu Angu, aniquila todo o clã Zhao para roubar-lhe o poder, e mata ainda um recém-nascido que seria o último herdeiro da família massacrada. Ou pensa que o matou. Na verdade, Cheng Ying, o médico que fez o parto do menino, tomou-o para si, e ofereceu seu próprio bebê em sacrifício. Para garantir a segurança de Bo’er, essa criança tão preciosa, o médico se vale ainda de outra artimanha. Pede ao general que o deixe integrar sua comitiva, e que se torne padrinho do garoto. Bo’er, então, crescerá sob os olhares ciumentos desses dois homens fundamentalmente diferentes entre si. Ying, o médico, quer que Bo’er nunca venha a conhecer sua verdadeira origem e se torne comum para ser, consequentemente, invisível entre as pessoas comuns. Tu Angu quer que Bo’er desenvolva sua ambição e seu paladar pelo poder. Entre os dois, é claro que Tu Angu se mostrará mais fascinante para o menino, que assim conduzirá o médico e o general a uma inevitável medição de forças (a qual se desenrola em um outro plano ainda, mais básico, pela contraposição entre introspecção e prepotência projetada pelos dois estupendos atores escolhidos para os papéis, Ge You e Wang Xueqi).

Chen Kaige reproduz, dessa forma, não os seus sentimentos, mas os de seu pai: o desespero de ver um filho sendo cooptado por uma força muito superior à sua – a do estado – e a tristeza de perdê-lo para uma engrenagem que não tem nenhum apreço pelo indivíduo que está aliciando. Mas, como em Together, de 2002, sobre um prodígio do violino que o pai pobre e ignorante tenta sem descanso compreender e nutrir, o ponto a que o diretor quer chegar é outro – sempre, em todos os seus filmes, o reconhecimento pelo filho de qual é a legítima, a merecedora de amor, entre as várias figuras paternas. Kaige tem 60 anos, mas nunca para de pedir perdão – nem de tirar, dessa necessidade voraz, belos filmes.

Publicado originalmente na revista Veja em 02/01/2013

Em “A Fita Branca”, o ninho da serpente

Em um filme notável, o diretor Michael Haneke mostra uma aldeia alemã, às vésperas da I Guerra, como criadouro do nazismo

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EM “ESTÔMAGO”, OS PECADOS DA CARNE

A comédia dark do diretor Marcos Jorge tem tudo para agradar àqueles espectadores com um fraco pelos sabores exóticos

Raimundo Nonato, o arquetípico migrante nordestino, chega a São Paulo com uma mala velha, passa o dia vagando sem rumo pela cidade e, a horas tantas, cansado e faminto, entra num boteco do centrão, come dois salgadinhos e cai no sono no balcão. Na hora de fechar, o dono descobre o óbvio: cadê o dinheiro para pagar o lanche? Então se inicia a curiosa saga do protagonista de Estômago (Brasil/Itália, 2008). Em troca da conta, ele terá de lavar a louça. No dia seguinte, vai ter de aprender a fazer pastel e coxinha. Ocorre que Raimundo é um cozinheiro nato, e logo o bar que vivia às moscas estará lotado de fregueses – entre os quais a prostituta Íria, que come as tais coxinhas com um prazer que causa vertigens ao seu criador. É por força de seu talento que Raimundo pulará dali para o fogão de uma cantina italiana (agora com salário e benefícios) e ganhará algum espaço no coração de Íria. Mas, como desde o início se sabe que ele acabou na prisão, é de imaginar que, em outras áreas, sua virtude não seja assim tão exaltada. O que ele fez para interromper uma carreira tão auspiciosa, e como evitará ser devorado pelos colegas de cela: eis as duas questões que Estômago vai deslindando com habilidade, enquanto simultaneamente homenageia e parodia um personagem clássico do cinema, o do cozinheiro que seduz a todos com seu tempero – todos, aqui, sendo não gourmets, mas frequentadores de botecos pouco higiênicos, presidiários e prostitutas.

Dirigido por Marcos Jorge, estreante em longa-metragem mas profissional experiente na televisão italiana, na publicidade e nas artes plásticas, Estômago tem lá seus vícios. A saber, aquela propensão para encher os diálogos de palavrões, onde eles cabem e também onde são supérfluos. Mas compensa seus pecadilhos com a direção fluente, imaginativa e salutarmente despretensiosa. Compensa-os, acima de tudo, na escolha dos protagonistas: o baiano João Miguel, de Cinema, Aspirinas e Urubus, que tem um dom para ao mesmo tempo fazer cara de paisagem e ser expressivo, e a novata Fabiula Nascimento, que enche Íria de calor e espirituosidade. Estômago talvez não seja para todos os gostos. Mas Jorge acerta tão bem a mão nos fundamentos básicos do cinema (entre os quais a trilha encomendada ao italiano Giovanni Venosta, excelente acompanhamento para a história) que não deixa muita dúvida: há chef novo na cozinha.

Publicado originalmente na revista Veja em 09/04/2008

“UM LONGO CAMINHO”: UMA PONTE ENTRE A CHINA E O JAPÃO

Zhang Yimou volta às suas raízes dramáticas

Em Um Longo Caminho (Riding Alone for Thousands of Miles, China/Japão, 2006), o velho Takata (Ken Takakura) não vê seu filho há anos, por causa de um desentendimento. Quando recebe a notícia de que ele está à morte, decide fazer um último gesto de reconciliação: ir à China filmar uma ópera de máscaras pela qual o moço é apaixonado. Mas o japonês Takata não fala a língua, o cantor que ele deve gravar está preso e a burocracia para visitá-lo na prisão é terrível. Austero ao ponto da incomunicabilidade, Takata sente, porém, que a viagem o está transformando, no contato com o espírito gregário e ruidoso dos chineses. Hoje mais conhecido por épicos de artes marciais como Herói e O Clã das Adagas Voadoras, o diretor Zhang Yimou faz aqui um retorno às suas origens dramáticas – não tão bem-sucedido quanto os anteriores, mas ainda assim belo e envolvente.

“O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS”: AINDA MELHOR QUE “HERÓI”

Em menos de três anos Zhang Yimou retorna ao wuxia, o filme de artes marciais, e acerta em cheio

Por um capricho das distribuidoras, dois filmes feitos pelo chinês Zhang Yimou com um intervalo de quase três anos chegam com apenas uma quinzena de diferença aos cinemas brasileiros – depois de Herói, nesta sexta-feira é a vez de O Clã das Adagas Voadoras (House of Flying Daggers, China/Hong Kong, 2004) entrar em cartaz. Como se corre o risco de achar que assistir a ambos é ver mais da mesma coisa (até porque os dois foram indistintamente propagandeados como filmes de artes marciais), cabe avisar que há aí um engano: Clã não é só um bocado diferente de Herói. É também superior. No ano de 859, nos estertores da dinastia Tang (618-907), chega aos ouvidos de dois policiais que Mei (Zhang Ziyi), a nova cortesã da cidade, é na verdade uma agente da organização de guerrilheiros do título. Cada um a seu modo, eles iniciam uma investigação. Jin (o sino-japonês Takeshi Kaneshiro), que é jovial, inconseqüente e conquistador, faz-se passar por freguês do bordel e agarra Mei – que é cega – à força. Seu companheiro Leo (Andy Lau) chega para dispersar o tumulto arranjado e submete Mei a uma prova destinada a apurar se ela é mesmo a habilíssima dançarina que diz ser. Com o talento da cortesã devidamente demonstrado numa seqüência atordoante, os policiais fazem com que ela acredite estar livre, para assim os conduzir  ao quartel-general do clã. Jin a escoltará, dizendo-se apaixonado por ela, e Leo os seguirá a distância. Durante o trajeto, Jin e Mei se apaixonarão de fato, a identidade verdadeira de Leo será descoberta e, acima de tudo, O Clã das Adagas Voadoras se revelará um encontro sensacional entre a exuberância do cinema chinês e o rigor do filme de samurai – em especial da variedade celebrizada pelo diretor Akira Kurosawa, de quem Yimou é grande admirador.

Há menos de fantasioso do que se possa supor nessa história. A dinastia Tang de fato se esfacelou sob a ação de milícias rebeldes. Esse foi também o período de influência mais marcante da China sobre o Japão. Yimou, contudo, inverte a mão desse trânsito. Aqui é a China, sempre tão impermeável ao que vem de fora, que se dobra ao Japão. Se em Herói o diretor homenageava Kurosawa na estrutura emprestada de Rashomon, em Clã ele o faz de todas as maneiras possíveis, do tem – o dilema entre liberdade individual e lealdade – às cores e composições impressionistas. Mesmo as lutas, sempre lindas, ganham outra força. Em vez de mera exibição de virtuosismo, elas traduzem o crescendo da ligação entre Jin e Mei e o destino trágico para o qual esse romance se encaminha. Na seqüência final, quando a ação é parcialmente encoberta por uma nevasca que corta a tela, o que o diretor quer é que a platéia se lembre de uma cena clássica – a da luta sob a chuva em Os Sete Samurais. Talvez a própria fluidez da personalidade de Yimou, que parece ser um homem diferente a cada filme que faz, venha a impedir que ele ocupe um lugar comparável ao de Kurosawa na história do cinema. Mas, ao menos por um momento, ele chegou bem perto.

Publicado originalmente na revista Veja em 06/04/2005

“HERÓI”: O TRIUNFO DOS CHINESES VOADORES

É quase excessiva a beleza da primeira incursão de Zhang Yimou nas artes marciais

Um membro da equipe ficou de prontidão no interior da Mongólia, encarregado de dar o alerta no momento em que as folhas de uma floresta de carvalhos atingissem seu melhor amarelo outonal. Quando a hora chegou, o diretor Zhang Yimou deslocou o time inteiro para a locação e colocou-o para trabalhar numa tarefa surreal: classificar segundo sua tonalidade todas as folhas que caíssem das árvores. As mais belas serviriam para passar em frente ao rosto das atrizes Maggie Cheung e Zhang Ziyi, as de primeira linha voariam em torno delas, as de segunda ficariam mais para o fundo do cenário e as restantes seriam devolvidas ao chão. O saldo desse perfeccionismo extremado é uma das muitas cenas sublimes de Herói (Hero, China/Hong Kong, 2002), a primeira incursão de Yimou, um dos expoentes dos festivais internacionais, nas artes marciais. Herói quebrou o recorde de audiência na China, concorreu ao Oscar de filme estrangeiro em 2003, acumulou uma bilheteria mundial de quase 180 milhões de dólares e animou Yimou a voltar a essa seara com o ainda superior O Clã das Adagas Voadoras, que deve estrear no Brasil em 8 de abril. Se esse fenômeno merece uma ressalva, é que sua beleza às vezes excessiva distrai a atenção do que mais esteja em jogo no filme.

Herói revisita um episódio central para a história da China: a unificação do país pelo rei de Qin, que no século III a.C. submeteu as monarquias rivais e tornou-se o primeiro imperador – além de construtor da Grande Muralha. No filme, o rei recebe um oficial de província (Jet Li) que acaba de eliminar os assassinos que ameaçavam seu trono, e pede para ouvir sua narrativa. Seguem-se então três versões de como o obscuro Sem Nome derrotou os lendários Céu (Donnie Yen), Espada Quebrada (Tony Leung) e Neve que Voa (Maggie Cheung). Cada versão é encenada em uma cor diferente, e todas elas servem de mote para o maior atrativo do filme: as lutas estupendamente coreografadas, que vão do estilo mais ortodoxo ao mais lírico, como um combate travado sobre as águas de um lago. Tudo o que há de drama em Herói está expresso na atmosfera diversa de cada uma das lutas e no êxtase dos cenários, figurinos e cores. Essa, enfim, é a habilidade que responde pelo prestígio de Yimou: mais do que qualquer outro cineasta, ele sabe mimetizar um gênero de forma tão completa que, ao final, estabelece para ele um novo patamar.

Não deixa de ser irônico, porém, que Yimou, que passou seus dezoito anos de carreira às turras com os censores chineses por causa de filmes como Lanternas Vermelhas, A História de Qiu Ju e Tempos de Viver, tenha adotado o rei de Qin como pivô de Herói. Os massacres promovidos pelo monarca foram tão extensos e brutais que, apesar de seus feitos, sua memória persistiu em relativa desgraça até ser reabilitada por Mao Tsé-tung, que viu nele uma inspiração para a Revolução Comunista de 1949. Como personagem, o rei de Qin tem o selo de aprovação do Partido – e o tratamento dado a ele por Yimou, de um déspota iluminado e incompreendido, só fez reforçar a impressão de que o diretor teria se juntado ao inimigo. Herói talvez seja, assim, politicamente incorreto. Mas, como espetáculo, está acima de qualquer suspeita.

Publicado originalmente na revista Veja em 23/03/2005

“O IMPERADOR E O ASSASSINO”: TUMULTUADO E COMPLICADO COMO A GUERRA

Passado no século III a.C., o épico de Chen Kaige pode ser entendido como uma parábola sobre a ascensão de Mao Tsé-tung

Em O Imperador e o Assassino (Jing Ke Ci Qin Wang/The Emperor and the Assassin, China/França/Japão, 1999), o diretor chinês Chen Kaige parte de um episódio histórico real e supera até seu trabalho mais célebre, Adeus Minha Concubina, de 1993. No século III a.C., o rei Ying almeja unificar a China e tornar-se seu imperador. Para tanto, manda sua mais querida concubina (a bela Gong Li) contratar um matador. O objetivo é forjar uma tentativa de assassinato: salvando-se, o imperador parecerá invencível a seus inimigos. Só que o soberano se torna cada vez mais truculento, o que enche a concubina de repugnância. Pior: ela se apaixona pelo assassino (Zhang Fengyi, excelente). O filme não é fácil de acompanhar, mas cresce em interesse a cada minuto. Visualmente, é um espetáculo, tão estranho quanto opulento. E, por fim, pode ser entendido também como uma parábola sobre a ascensão do líder comunista Mao Tsé-tung.

“NENHUM A MENOS”: SOZINHA NO MUNDO

No drama social de Zhang Yimou, uma menina de 13 anos assume responsabilidades adultas

Vencedor do Festival de Veneza, Nenhum a Menos (Not One Less/Yi Ge Dou Bu Neng Shao, China, 1999), o novo trabalho do diretor chinês Zhang Yimou, de Lanternas Vermelhas, tem como cenário a paupérrima escola rural de uma região montanhosa. Incumbida de substituir provisoriamente o professor titular, Wei Minzhi, uma garota de 13 anos, recebe uma única recomendação: não permitir que os alunos debandem (há também uma magra, mas muito bem-vinda, recompensa financeira em jogo). Quando um garoto particularmente rebelde foge para a cidade, pressionado pela necessidade de ganhar algum dinheiro para a família, a jovem professora parte em seu encalço, obstinada em resgatá-lo. As dificuldades pelas quais Wei passa são terríveis — mas as enfrentadas pelo fujão são ainda maiores. O filme é uma lição sobre como abordar temas sociais apoiando-se nos personagens, sem dogmatismo. Os atores, na maioria amadores, interpretam a si mesmos.