Terceiro filme da saga é simpático, mas é um entreato que chegou antes da hora
É quase como assistir à versão longa de algum dos oitenta episódios da série original, a que foi exibida entre 1966 e 1969: os cenários são uma imitação mais caprichada daqueles planetas de cartolina dos quais o capitão Kirk e o sr. Spock tinham de sair correndo toda semana, a Enterprise apanha feio, o motor pifa e quase não volta a funcionar, os membros da tripulação se desgarram uns dos outros e trocam muitas farpas e one-liners entre si. Star Trek: Sem Fronteiras é o mais familiar, o mais afetivo e o mais passadista dos filmes da série relançada em 2009 – e contém todas as vantagens e desvantagens que essa abordagem pode trazer a um terceiro capítulo, aquele meio de caminho que tradicionalmente constitui o momento mais delicado na vida de uma franquia.
Depois de uma volta às origens do time em Star Trek (2009) e de tanta ação em escala intergaláctica em Além da Escuridão: Star Trek (2013), deve ter parecido lógico e natural que, agora, Kirk & cia. fizessem um inventário de suas atividades até aqui, e começassem a pensar no que o futuro pode trazer que não seja mera repetição do que eles já viveram. Mas eu me pergunto se essa pausa para balanço não chegou antes da hora: sob o comando do diretor Justin Lin, de quatro Velozes e Furiosos, Sem Fronteiras escapa cedo demais da trajetória traçada por J.J. Abrams. Com tudo que tem de prazeroso, este filme tolhe a saga antes de ela ter atingido sua envergadura plena, e muda o tom antes que a ambição com que se acenara até aqui tenha rendido todos os seus frutos. É um entreato necessário – mas colocado na ordem incorreta.
Não que eu tenha formulado esse raciocínio enquanto via o filme: com roteiro co-escrito pelo inglês Simon Pegg, o sempre impagável oficial mecânico Scotty, Sem Fronteiras flui bem e é saboroso. Os diálogos são uma delícia, e a habilidade de Justin Lin para equilibrar as participações do elenco é incontestável. Pegg e Karl Urban (o dr. McCoy) continuam sendo meus favoritos, mas Sofia Boutella, a marroquina que fazia Gazelle, a assassina com próteses de lâminas em Kingsman: Serviço Secreto, é um achado como Jaylah, a garota extraviada no planeta distante em que a Enterprise vai realizar uma malfadada missão de resgate. Como sempre, aliás, a certa altura a Enterprise fica aos pedaços, e a cena da sua destruição é uma beleza. Mas ela é uma exceção: as cenas de ação tendem a ser confusas (em vez de grandiosas, como nos dois primeiros filmes) e o vilão interpretado por Idris Elba – irreconhecível – é uma decepção.
É nele que se percebe como este episódio se apequena em relação aos anteriores: Krall é um desses vilões “da semana”, e o tema que ele coloca em pauta é tão contra-intuitivo que demora-se a entender sua queixa (Krall é uma espécie de terrorista do Isis sideral; ele reclama que a Federação, com seus ideais de paz impostos por meio de patrulha, é uma entidade colonialista que pretende extinguir seu modo de vida violento). Em sua encarnação cinematográfica, é uma ideia que só se prova grande quando é grande também a ameaça a ser enfrentada. E, por mais simpática que seja a interação entre os personagens, e por mais bonita que seja a homenagem à tripulação original e especialmente a Leonard Nimoy, que morreu em 2015 (Anton Yelchin, morto em junho, ganha uma dedicatória nos créditos finais), essa é a matéria-prima dos seriados de Star Trek para a TV. No cinema, simpatia, um vilão queixoso e um planetinha perdido nos confins do universo são muito pouco.
Trailer
STAR TREK: SEM FRONTEIRAS
(Star Trek Beyond)
Estados Unidos, 2016
Direção: Justin Lin
Com Chris Pine, Zachary Quinto, Simon Pegg, Karl Urban, Idris Elba, John Cho, Zoe Saldana, Sofia Boutella, Anton Yelchin
Gente, eu nunca fui ligado em Star Trek, e fui assistir o filme em 3D na última 2ª feira, e achei o filme muito fraco. Tanto que saí do cinema antes do filme acabar, o que nunca tinha feito; o mais próximo que cheguei perto foi o filme do Jet Li, “Herói”, lá de 2002, mas mesmo assim aguentei ficar e valeu a pena (mesmo com aquelas demoradas coreografias disfarçadas de luta.).
Esse filme do Star Trek achei bem moroso, com humor ok, vilão clichê, história tanto previsível, e o 3D se mostrou totalmente dispensável; o que eu gostei mais foi do Spock e o personagem do Karl Urban. Só por esse filme eu não consigo entender como Star Trek conseguiu tantos fãs.
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Concordo com a Isabela quanto a parecer um episódio da TOS só que com duas horas. Mas é assim que ST foi: contada em episódios, muitos dos quais se fossem transpostos para o cinema seriam melhor que muitos filmes. Então não vejo ser “pouco para o cinema” é ser adequado. Aliás as vezes que ST tentou ser “muito para o cinema ” se perdeu. Tá na medida certa para agradar fãs e não fãs, como o cinema deve ser pensando em sua função principal para o publico: entretenimento.
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Acho que a Jornalista escreveu sobre o filme apenas para ter conteúdo atualizado no site, mas não deve ter acompanhado a obra inteira de Star Trek. Seria o mesmo que falar sobre um guitarrista, mas não ter a mínima noção do que é pegar numa guitarra e tocar algo de sua obra ou seja apenas críticas de alguém que não sabe e não sente nada sobre o assunto
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A questão é: “O que o produtor J.J. Abrams vai fazer com Star Trek enquanto está todo ocupado com Star Wars?” resposta: ENROLAR. Este filme é a prova. Boscov está certíssima.
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ela escreveu a percepção dela sobre o filme, ela esquece que existe uma horda de seguidores que irão escrever exatamento o contrario, a meu ver ela focou mais no roteiro, figurino,fotografia,que propriamente no todo da ação, ela se esquece que star trek é sobre novas tecnologias que irão aparecer daqui a 20,30 ou 40 anos a frente, tipo de tecnologia que não existia na decada de 1960, tablet,celulares,wifi, tela de oled e outras coisitas
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Quem é Isabela Boscov?
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Uma vez eu fui assistir um filme altamente recomendado por esta crítica e me decepcionei…agora fiquei com um pé atrás com esta sub-avaliação de Star Trek…
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Então acho que você deveria fazer o contrário…deveria ir assistir Star Trek que é muito divertido!
Afinal, se ela falou que um filme era bom e você viu que era ruim, agora com ela falando “mal” ou não tão bem do Star Trek, acho que você irá gostar…
E deixe de acreditar apenas em críticos, principalmente dos que não conhecem bem sobre o tipo de filme que se está falando…
Boa diversão!
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É duro ler coisas escritas por gente que não tem a menor ideia do que está falando…
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Discordo da jornalista. O filme consegue conciliar ação e os dramas pessoais presentes na série original, da qual vi todos, inclusive a terceira temporada não exibida no Brasil. É um grande avanço ao confuso e mal elaborado além da escuridão, que decorre da necessidade de rever metas. Os atores estão mais velhos, evidentemente, e isto ajudou a história a ficar mais adequada. Bom roteiro, boa guinada, e deixa a porta aberta para novas aventuras. Acho que falta a jornalista assistir mais os antigos episódios e entendê-los..
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Este Jornada nas Estrelas – Sem Fronteiras é dinâmico e respeita a idéia original da série que mostrou a essência do criador Roddenberry. O plot é focado no espaço ser a fronteira final, onde as viagens da nave continuam em sua missão exploratória de novos mundos , vovas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve. Desta forma, fora o excesso de ação que chega a ser hipnótico, chegamos a voltar no tempo, ano de 1979, quando Jornada nas Estrelas foi para o cinema com o primeiro elenco. Justin Lin encarou o desfio de recriar o espírito dos tripulantes da Enterprise com eficácia. Tudo para continuar com outros filmes da série no futuro. Ok!
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