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Mother

Hye-ja é uma mulher simples. É viúva, tem uma pequena loja de ervas medicinais numa cidadezinha do interior da Coreia do Sul e pratica acupuntura às escondidas, já que não possui licença, a fim de completar sua renda.

Interesse, tem um só na vida: o filho Do-joon, um rapaz muito bonito, mas que sofre de certo atraso mental. Todos os pensamentos e ações de Hye-ja revolvem em torno de Do-joon. O filho de vez em quando se rebela contra a tutela materna – e, como este é um filme do excepcionalmente talentoso diretor Joon-ho Bong, de Memórias de um Assassino e O Hospedeiro, desde a primeira e muito surpreendente cena já se sente no ar aquela eletricidade característica das terríveis cadeias de eventos que às vezes envolvem as pessoas. Do-joon é atropelado, corre atrás do motorista fugitivo, e o espectador sente o coração vir à boca: é agora que o pior vai acontecer. Não; ele passa a noite num bar, embebeda-se e tem um estranho encontro — que, ao que parece, não resulta em nada. Assim, de cena em cena, a roleta vai girando, até que finalmente para de vez na casa do azar. Do-joon é acusado de um crime gravíssimo e, sem outra opção, Hye-ja, essa mulher tão sem preparo e sem recursos, tenta provar sozinha a inocência dele. Nesse percurso desesperador, algo inesperado fica à mostra: o instinto materno pode, sim, ser algo cruel e até mesmo monstruoso. Não há nada, hoje, que se compare à inventividade e à turbulência do cinema sul-coreano. Nem à sua perícia: Joon-ho Bong lida o tempo todo com emoções extremas sem nunca descuidar também da trama policial que dá sustentação ao enredo – e que, como tudo mais em Mother, é coisa de virtuose.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista VEJA no dia 03/02/2010
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2010

Mother
(Madeo)
Coreia do Sul, 2009
Direção: Joon-ho Bong
Com Hye-ja Kim, Bin Won, Ku Jin

Uma consideração sobre “Mother”

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