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Independence Day: O Ressurgimento

Por que Roland Emmerich destrói o planeta? Porque ele pode, ora

Foi um começo de julho delicioso, aquele de 1996: os alienígenas invadiram, Bill Pullman e Jeff Goldblum os mandaram de volta correndo, Will Smith encheu a cara de um deles de alegria, empreiteiras comemoraram (imagino) as licitações para a reconstrução do planeta. Tudo acabou tão bem; por que deveria recomeçar?

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Porque de tempos em tempos o diretor Roland Emmerich sente aquele desejo irreprimível de mandar tudo pelos ares, ora. E, se de vez em quando ele falha na sua missão cataclísmica, como no chocho 10.000 a.C., mais frequentemente ele se cobre de glórias, como em O Dia Depois de Amanhã (que eu a-do-ro: só por aquela cena dos americanos desesperados para entrar ilegalmente no México para fugir da nova era glacial já estava valendo). Pode ser complexo de alemão criado na ressaca da II Guerra e no fogo cruzado da Guerra Fria (ele nasceu em 1955, quando as coisas não andavam exatamente divertidas por lá), pode ser uma questão pessoal, pode ser simplesmente que Emmerich detone o planeta porque sabe fazê-lo tão bem – não importa; ele já é uma espécie de patrimônio mundial do cinema-catástrofe. Fica, portanto, perdoado por esta continuação parar ali pelo meio do caminho: recriar aquela efervescência pop que foi a chegada de Independence Day, vinte anos atrás, seria mesmo impossível, e quem tem essa expectativa deve admitir que ela não é muito realista. Em compensação, Emmerich prova – talvez sem querer – que seu elenco original era mesmo matador, redime-se de seu Godzilla falido de 1998 e faz aquilo que se espera dele: destrói, destrói, destrói.

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O argumento de O Ressurgimento tem a obviedade cristalina das continuações: vinte anos se passaram desde que a invasão alienígena foi repelida, a tecnologia que eles deixaram por aqui foi muito bem aproveitada pelos setores de transportes e armamentos, as nações puseram de lado suas diferenças e se uniram em torno de objetivos comuns. Mas, no 4 de julho de 2016, uma nave naufragada na África se acende, os ETs presos numa instalação especial saem de duas décadas de letargia e enlouquecem, e pessoas que haviam tido contato direto com os invasores começam a ter visões – caso do ex-presidente Whitmore (Bill Pullman) e do cientista louco Brakish Okun (Brent Spiner), que sai do coma em que vivera até ali. Todos coçam a cabeça: o que isso pode significar???? Como se fosse difícil adivinhar.

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Os diálogos são impagáveis. Exemplo:
– “Senhora presidente, a nave vai cair sobre o Atlântico”.
– “Em que lugar do Atlântico?”
– “Todo ele!”

Em suma: uma nave de quase 5.000 quilômetros de diâmetro surgiu do nada, enganando todos os sistemas de radar – e trazendo a bordo a rainha da colmeia alienígena, um bicharoco medonho que a certa altura terá sua cena de glória, perseguindo um ônibus escolar. As maiores metrópoles do mundo são pulverizadas, com atenção especial para Londres (os alienígenas, quem sabe, já estavam prevendo o resultado do referendo desta semana).

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Jeff Goldblum, Judd Hirsch, Brent Spiner, Charlotte Gainsbourg e Deobia Oparei trocam one-liners e não perdem uma piada. Bill Pullman tem mais uma oportunidade de mostrar seu heroísmo. William Fichtner tira leite de um personagem que é uma pedra. O elenco jovem, formado por Liam Hemsworth, Maika Monroe e Jessie T. Usher (como o filho do personagem de Will Smith, que teria morrido em um acidente em 2006), não deixa grandes lembranças. E tudo se encerra com um gancho escandaloso para mais uma continuação: Roland Emmerich, da próxima vez, vai destruir o universo. E eu sei que eu provavelmente vou acabar meio divertida, meio desapontada, como agora – mas, pela metade que vale, não vou deixar de ver.


Trailer


INDEPENDENCE DAY: O RESSURGIMENTO
(Independence Day: Resurgence)
Estados Unidos, 2016
Direção: Roland Emmerich
Com Liam Hemsworth, Maika Monroe, Jeff Goldblum, Bill Pullman, Jessie T. Usher, Brent Spiner, William Fichtner, Sela Ward, Charlotte Gainsbourg, Judd Hirsch, Deoibia Oparei, Angelababy, Chin Han, Patrick St. Esprit, Vivica A. Fox, Robert Loggia, Joey King
Distribuição: Fox

32 comentários em “Independence Day: O Ressurgimento”

  1. Gostei da forma como foi escrito o artigo. Melhor ainda os mimimi. Porque não tem jeito sempre vai ter algo para criticar. Se a Isabela atualizasse o artigo e colocasse que tem spoilers iriam achar outra coisa para meterem o pai tipo errou uma vírgula, esqueceu de comentar que o Brent Spiner foi o Data em Star Trek Next Generation e por aí vai
    E de fato como foi falado todo filme do Roland é do mesmo jeito. Vai lá assiste se diverte e pronto. Aff

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  2. Assisti ao filme e não entendi o comentário do povo sobre “Spoiler”, não há segredo a ser escondido, a própria sinopse do filme e o próprio trailer do filme já são o filme, bem vou ficar sem endentar esse mimi .
    Quanto ao filme, eu sou fã de filme “Sessão da Tarde” , é o filme família, sem grandes questões filosóficas a serem exposta, sem sangues a serem jorrada pela tela e sem buscar a superação de um enfermo na luta contra uma doença, esse filme é feito para quem quer fuja desse mundo cético que temos que viver, é só desligar o cérebro e curtir esse jogo de pirotecnia na tela

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  3. Que spoiler? O cartaz e trailer já contam tudo o que acontece no filme!
    Esses ignorantes nem sabem a diferença entre uma resenha e uma crítica e ficam de mimimi.

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    1. Cara, você deve ter ido ver o filme sobre Lula (Lula, o Filho do Brasil ) e ter ficado surpreendido ao descobrir que era sobre o (então) presidente do país. Ela não contou mais do que a promoção do filme, trailer e atores têm contado.

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  4. Você contou o filme todo… É o cúmulo do não ter o que fazer. E a crítica onde está?… Foi péssimo, mta gente não irá mais ler seus artigos, incluindo eu!

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      1. Rapaz, qual spoiler? Você assistiu a um trailer, leu qualquer texto de divulgação do filme, leu alguma das entrevistas dos atores? Basicamente todo mundo mencionou os mesmos fatos que ela (a imprensa não podia ter deixado de mencionar o fato de que Will Smith não participou e mataram o personagem dele). É um filme cujo selling point é ser continuação de outro muito famoso! Se você não quer ler sobre um filme, veio fazer o quê aqui?

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      2. Quem racha o bico sou eu. O veneno dela é uma delícia:

        “As maiores metrópoles do mundo são pulverizadas, com atenção especial para Londres (os alienígenas, quem sabe, já estavam prevendo o resultado do referendo desta semana).”

        Boscovão perde a cidade, mas não perde a piada.

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  5. Eu adorei sua crítica bem humorada, não espero muito deste filme, mas o verei. Quanto a você contar o filme todo, não tem problema, todos os filmes do Emmerich são iguais.

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  6. Acabei de assistir,fraco demais,deveriam ter lançado diretamente em vídeo, os efeitos conseguem perder para o filme de 1996,sem falar no roteiro confuso e personagens caricatos que querem fazer humor forçado a qualquer custo…

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    1. Eu vi o primeiro e amei, esse novo na minha opinião não vale o ingresso, e na minha opinião o problema esta em muito efeito, pouco conteúdo e enredo fraco.

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  7. A cidadã se formou e não aprendeu a escrever sem colocar spoiler no título do artigo. E isso mesmo que acontece no fim do filme? Se for, obrigado por acabar de estragá-lo.

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    1. Ela não escreveu porque não precisava colocar, prezado Souza.
      Filmes com a assinatura Roland Emmerich não carecem deste preciosismo; é chegar e curtir o fim do mundo, pronto.
      Forte abraço!

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